A tecnologia é a resposta, mas qual é a pergunta?
(Ely, 1997)
A capacidade de aceder à informação e ao conhecimento, deles fazer uso efectivo e mesmo de os produzir, dominando de forma eficiente as novas tecnologias de informação e redes de comunicação, fazem surgir novos conceitos de literacia comunicacional e tecnológica que apelam a uma “nova ordem educativa” (Dias, 2000). Esta (nova ordem educativa) deve preparar os indivíduos para formas, “proactivas de participação e de exercício da cidadania …” (Bottentuit, 2007) “adaptada às exigências do nosso tempo" (Unesco, 1996).
Como tal a Escola deverá assumir, numa perspectiva de transversalidade, a introdução das Tecnologias de Informação e Comunicação que se apresentam como “ferramentas” (Papert, 1980, 1998), que no caso da área das Ciências Humanas e Sociais oferecem desafios e vantagens particulares.
Os professores da área das Ciências Sociais podem desenvolver, a partir dos media do conhecimento, uma “abordagem educacional hipertexto e hipermédia” (Dias 2000), criando ambientes virtuais de aprendizagem interactivos e personalizados.
Deste modo, estarão a contribuir para o enriquecimento de uma memória colectiva informada no sentido de “fornecer os mapas de um mundo complexo e perpetuamente agitado e a bússola que permita nele navegar” (Unesco, 1996). “Bússola” que no caso da educação em Ciências Sociais se traduz no exercitar de um pensamento crítico, num aprender a seleccionar as respostas mais adequadas sobre o passado real, o presente e o meio em que se insere, na construção de um sentido próprio e individual de consciência social e histórica e das competências de raciocínio moral inerentes, respondendo assim ao desafio de que : “(…) a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as actividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes”. (Unesco, 1996).
As opções fundamentais que envolvem a utilização educativa
da tecnologia não são tecnológicas, mas pedagógicas.
(Ponte, 1990)
É pois urgente a reflexão conjugada sobre questões curriculares ao nível dos saberes e competências essenciais das Ciências Humanas e Sociais e das TIC enquanto Tecnologias Educativas ” que servem para a comunicação e para a aprendizagem, ao serviço do professor e do aluno, favorecendo as interacções, a partilha de opiniões e a busca de interpretações e significados”.(Moderno, 1992).
Referências
Bottentuit, J. B.;Coutinho, Clara P. (2007) O Software Social Orkut: Estudo da Comunidade Virtual “Ensino a Distância” in: Actas da Conferência Ibero-Americana InterTIC 2007. Porto - Portugal : International Association for the Scientific Knowledge, 2007. http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7372/1/bottentuit.pdf .
Buzan, T. 1995. Use Your Head. London: BBC Books
Dias, Paulo (2000). Hipertexto, hipermédia e media do conhecimento: representação distribuída e aprendizagens flexíveis e colaborativas na Web. Revista Portuguesa de Educação, vol. 13, nº 1, p.141-167
Ely, D. P. (1997). Technology is the answer! But what was the question?. In In R. M. Branch e B. B. Minor (Eds.), Educational Media and Technology Yearbook (pp. 102-108). Englewood: Libraries Unlimited, Inc.
MODERNO, António (1992). A Comunicação Audiovisual no Processo Didáctico: no Ensino, na Formação Profissional. Aveiro: Universidade de Aveiro, Ed. Autor.
Papert, S. (1980). Logo: Computadores e educação. São Paulo: Editora Brasiliense, SA.
Papert, S. (1998). A família em rede. Lisboa: Relógio d’Água
Ponte, J. (1990) O Computador um Instrumento na Educação , 4ª ed, Texto Editora, Lisboa
UNESCO (1996). Educação, um Tesouro a Descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI. (Coord. de